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Qual a história dos seis hotéis que darão lugar a superprédios em Fortaleza?


Fortaleza perde 2,4 mil leitos hoteleiros nos últimos anos, um fenômeno impulsionado pela ascensão de superprédios de luxo na orla da cidade. 


Essa transformação reflete não apenas mudanças no mercado imobiliário, mas também um reposicionamento do turismo na capital cearense. 


Neste artigo, vamos explorar a trajetória dos seis hotéis emblemáticos que foram substituídos por empreendimentos residenciais de alto padrão, revelando como a verticalização está remodelando a paisagem urbana e impactando a oferta de hospedagem .


Hotel Esplanada: O pioneiro que virou símbolo da verticalização


Inaugurado como o primeiro hotel cinco estrelas de Fortaleza, o Hotel Esplanada marcou época com seu luxo e localização privilegiada na Avenida Beira-Mar. 


Funcionou por décadas até fechar as portas em 2002, entrando em um longo período de abandono. 


Após mudanças de proprietários e projetos, o local foi demolido em 2015 para dar espaço ao Ivens Monumental, um arranha-céu de 170 metros de altura, símbolo da nova era dos superprédios.


A demolição do Esplanada não foi simples: enfrentou debates sobre preservação histórica versus modernização. 


Hoje, o Ivens Monumental atrai investidores com apartamentos voltados para um público de alto poder aquisitivo, enquanto o legado do hotel original permanece apenas na memória dos fortalezenses.




Ponta Mar Hotel: Da hospedagem turística ao condomínio milionário

Localizado também na Beira-Mar, o Ponta Mar Hotel era um dos preferidos por turistas que buscavam proximidade com o mar e infraestrutura completa. 


Fechou em 2022, e seu terreno agora abriga o Condomínio Ponta Mar, um empreendimento residencial com unidades que ultrapassam R$ 10 milhões. 


A escolha de manter o nome original revela uma estratégia para preservar o valor simbólico do local, mesmo com a mudança radical de propósito.


O novo condomínio reflete a tendência de substituir hospedagem acessível por moradias exclusivas, priorizando quem busca privacidade e status. Para especialistas, essa transição ilustra como a especulação imobiliária está redefinindo o perfil socioeconômico da orla.




Samburá e Vela e Mar: Dois hotéis, um destino
Os hotéis Samburá e Vela e Mar, vizinhos no Mucuripe, eram conhecidos pela vista deslumbrante para o Mercado dos Peixes. 


Demolidos em 2023, deram lugar ao Diagonal by Pininfarina, um superprédio de 170 metros que promete ser um marco arquitetônico. 


O projeto, inspirado em técnicas internacionais, inclui apartamentos com até 601 m² e serviços como concierge e segurança com reconhecimento facial .


A demolição desses hotéis reforça a concentração de investimentos em áreas nobres, onde terrenos valiosos são disputados por construtoras. 


Enquanto isso, a perda de leitos hoteleiros preocupa o setor turístico, que vê a oferta de hospedagem encolher.


Blue Tree Hotel: A reconversão para o aluguel por temporada

Único dos seis hotéis fora da Beira-Mar, o Blue Tree Hotel encerrou suas atividades após a pandemia. 


Adquirido pela construtora Moura Dubeux, o espaço será transformado no Beach Class Iracema, um complexo de apartamentos studio para aluguel por temporada. 


A estratégia aproveita a demanda por imóveis flexíveis, combinando investimento imobiliário com hospedagem moderna.


A mudança mostra que mesmo hotéis fora do eixo principal da orla estão sujeitos à pressão imobiliária. 


Para o poder público, projetos como esse são uma forma de equilibrar a perda de leitos tradicionais com novas opções de hospedagem.


Seara Praia Hotel: O adeus após 40 anos de história

Funcionando desde os anos 1980, o Seara Praia Hotel era um ícone da Beira-Mar, frequentado por gerações de turistas. 


Seu fechamento em 2024 marcou o fim de uma era, com o terreno já destinado a um empreendimento residencial de alto padrão. 


A demolição do hotel gerou comoção, especialmente entre moradores que associam o local a memórias afetivas .


A substituição do Seara por um superprédio exemplifica a acelerada verticalização de Fortaleza, onde a busca por lucratividade supera a preservação de marcos históricos. Especialistas alertam que essa dinâmica pode comprometer a identidade turística da cidade.



Impactos da verticalização no turismo e na economia


A perda de 2,4 mil leitos hoteleiros em Fortaleza não é apenas numérica: reflete uma mudança estrutural. 


Com a ascensão dos superprédios, a cidade passa a atrair um público mais elitizado, enquanto turistas de média renda encontram menos opções acessíveis. 


Dados da Secretaria de Turismo do Ceará mostram que, em 2023, a capital tinha 31 mil leitos – uma redução significativa para um destino que depende do turismo .


Além disso, a verticalização intensifica a especulação imobiliária, elevando o valor dos terrenos e inviabilizando a manutenção de hotéis tradicionais. 


Para equilibrar esse cenário, a prefeitura criou incentivos fiscais para atrair novos investimentos em hotelaria de 4 e 5 estrelas, especialmente na Praia do Futuro.


O futuro da hotelaria em Fortaleza: Reinvenção ou declínio?

O fechamento dos seis hotéis levanta uma questão crucial: como conciliar desenvolvimento imobiliário e sustentabilidade turística? 


Enquanto os superprédios geram receita para o município através de mecanismos como a Outorga Onerosa, o setor hoteleiro precisa se adaptar, oferecendo experiências únicas para competir com a atração dos empreendimentos de luxo.


A aposta em hotéis boutique, serviços personalizados e integração com a cultura local surge como uma alternativa. 


No entanto, sem políticas públicas que protejam a diversidade de hospedagem, Fortaleza corre o risco de se tornar um destino exclusivo para poucos, distanciando-se de sua vocação histórica como capital do turismo nordestino.


Principais insights do artigo

  • Fortaleza perdeu 2,4 mil leitos hoteleiros em seis hotéis tradicionais, substituídos por superprédios de luxo.

  • Empreendimentos como Ivens Monumental e Diagonal by Pininfarina ultrapassam 170 metros de altura, atraindo investidores de alto padrão.

  • A verticalização prioriza moradias milionárias, reduzindo opções de hospedagem acessível e impactando o turismo de massa.

  • Incentivos fiscais buscam atrair novos hotéis 4 e 5 estrelas, mas focam em regiões específicas como a Praia do Futuro .

  • Especialistas alertam para o risco de perda da identidade turística da cidade se o equilíbrio entre desenvolvimento e preservação não for priorizado.




Fonte de Pesquisas: Verdes Mares / Portal Panrotas / BNews / Fotos ilustrativas: Freepik / Kid Junior
 

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